terça-feira, 23 de setembro de 2014

E você?

Sempre que eu entro no consultório da psicóloga, essa é a primeira coisa que ela fala. Acredito que esse seja o meio dela de mostrar que agora o foco sou eu, embora eu muitas vezes não saiba nem por onde começar. Acontece que eu não sou mais aquela Maria que vivia de coração partido e arranhões nos braços. Eu não tenho o que dizer, porque a minha vida não está ruim, ao menos não ao todo. Certo que estaria muito melhor se eu não tivesse voltado para o Brasil - eu terminaria meus estudos lá e ficaria perto do meu namorado -, mas não dá pra dizer que isso está rasgando minha alma por dentro (embora esteja).

Eu não sei o que me faz começar a falar. Geralmente começo contando sobre o meu final de semana, já que minhas sessões são nas segundas-feiras. A parte engraçada é que ela me deixa voar livre pelos assuntos que vierem à minha mente, e muitas vezes acabo não dizendo o que eu tinha ensaiado pra dizer. Só que talvez seja esse exatamente o motivo pelo qual a terapia funciona: eu me liberto de uma forma que eu não posso fazer com qualquer pessoa.

Muitos dizem que psicólogos são inúteis e que conselhos podem ser adquiridos em qualquer lugar, mas eu duvido que alguma dessas pessoas já fez psicoterapia alguma vez na vida. Eu tenho meus padrões de pensamento com os quais não estou feliz, e eu não quero conselhos do que fazer, eu quero que alguém me ajude a ver o outro lado, através de um outro padrão - e é exatamente isso que a minha psicóloga faz comigo. Não sei se é assim com todo mundo, mas as duas psicólogas que eu tive sempre tentaram me fazer entender que, mesmo seguindo a mesma lógica, eu posso chegar a resultados diferentes, o único problema é que eu já tenho meus padrões, já me acostumei a pensar daquele jeito.

Eu sinceramente não sei muito sobre psicologia ou psicólogos em geral, mas uma coisa eu posso afirmar: eles não ficam lá só ouvindo e dando conselhos - eles tentam explicar o que te leva a pensar assim, eles tentam abrir tua mente a novas possibilidades, novos pensamentos. Além disso, eles não tem nenhum vínculo emocional contigo, o que poderia mudar muita coisa se, por acaso, tudo que eles fizessem fosse "dar conselhos".

Uma coisa que eu reparei é que, toda vez que saio do prédio onde ela trabalha, eu me pego sorrindo e querendo sair saltitando por aí. Eu nunca percebi a diferença que essa simples pergunta inicial pode fazer na vida de alguém.

E você?

4 comentários:

  1. Nunca fui em psicólogos ou psiquiatras, então minha ideia do que acontece em um desses consultórios é pura e simplesmente ficcional. Minha vizinha cursa psicologia e acho super interessante quando ficamos conversando sobre, é algo que tenho a curiosidade de entender melhor. Achei interessante o ponto de vista que você mostrou no post, de que esses profissionais tentam te tirar da zona de conforto, fazendo com que o paciente tente pensar pelo outro lado. E isso que você disse, de estar acostumada a certo padrão de pensamentos, me deixou instigada a tentar enxergar determinadas coisas por outra perspectiva, mas não sei se conseguiria mudar isso sozinha.

    E sobre o seu comentário sobre meu comentário (haha): acho que as mudanças, da Maria de 16 para a Maria de 19, aparecerão gradualmente. Querendo ou não, a maior mudança, a interna, já aconteceu, agora é só questão disso começar a transparecer nos textos - como acontece aqui, nesse mesmo texto que acabei de ler. Não sei se eu é que não pensei muito sobre isso, sobre mudar como blogueira, pq pra mim veio tudo muito normalmente. Meu blog sempre foi sobre mim: no começo eu só falava dos animês/ mangás que gostava, colocava imagens e de boa. Aos poucos fui começando a escrever sobre acontecimentos aleatórios, sobre outras coisas de que gostava, até o blog ficar do jeito que é hoje. Não planejei, diferente de tantas outras coisas na minha vida, que sempre tem esquemas e calendários coloridos, haha.

    E sempre gosto dos seus layouts, não tem que me lembre de que não tenha gostado. ♥

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  2. Eu adorava ir na psicologa. Parei por falta de tempo e depois por falta de plano de saúde. Mas sério, é muito bom, ajuda bem a gente a entender nós mesmos e quase sem falar nada, só deixando a gente falar. Sério, saudades <3 Quem sabe ano que vem eu não volto rs
    Beijos! =**

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  3. Entendo perfeitamente tanto o fato de ter voltado ao Brasil (sendo que deveria ter ficado no exterior), quanto a terapia. Minha psicóloga segue a mesma linha comigo e, sinceramente, não há coisa melhor! Não gosto de me sentir pressionada em conversar sobre um assunto o qual quero (pelo menos por um tempo) evitar. E é começando "do nada", que as terapias terminam em algo. Pra mim, pelo menos, faz muito bem! :)

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  4. E eu? Eu achei amor esse post, dois beijos.
    Mas o comecinho me lembrou um dia que meu professor de gênero comentou algo assim, que um paciente disse que não tinha acontecido nada de ruim e por isso não sabia porque tinha ido na sessão. E meu professor deu o seguinte piti: "Pô! Quer dizer que eu só sirvo na hora que você tá na merda? Quero comemorar também!"
    E do pouco que eu estudei até agora (3 anos, quase nada -qqqq), você pode dizer qualquer coisa mesmo. E se te faz sentir bem mesmo sem "desabafo", mais sucesso ainda. Psicólogo mais do que ninguém que te ver bem. ♥
    Mas poxa, eu nem vou comentar muito porque começo a falar de outras coisas nada a ver, então melhor parar por aqui. Adorei o novo layout, btw.
    beijo :*

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